Um pouco da história da Internet

20/06/2010 03:01

O ano é o de 1957. As duas superpotências mundiais se viam em uma corrida tecnológica desenfreada. A então União Soviética toma a liderança, com o lançamento do Sputnik, o primeiro satélite artificial da história. A reação dos EUA veio logo em seguida: militares e pesquisadores norte-americanos criam a Agência de Pesquisa em Projetos Avançados (ARPA). A meta primordial da ARPA, ligada ao Departamento de Defesa norte-americano, era o de "manter a superioridade tecnológica dos Estados Unidos e alertar contra avanços tecnológicos imprevistos de adversários potenciais". 
Imagem: ARPA 
 

    No começo da década de 60, um problema passou a incomodar os pesquisadores da ARPA: como tornar a comunicação entre computadores confiável, mesmo que esteja ocorrendo um pesado ataque nuclear? A solução foi encontrada utilizando-se a idéia de "comutação de pacotes": os dados seriam divididos em várias partes, cada uma delas com uma "etiqueta", que descreveria seu destino. A solução era engenhosa; faltava apenas os equipamentos que iriam implementá-la.  

Imagem: Discovery Comm.

O projeto passou, em 1962, para as mãos de J.C.R. Licklider, que o batizou de "Rede Intergalática". Na visão de Licklider, o objetivo de seu trabalho era não apenas conectar computadores, mas sim pessoas, e auxiliá-las a trocarem experiências entre si. Era uma postura nova, que encontrou dificuldades dentro da indústria de computadores da época, voltada à produção de poderosas máquinas de cálculo.  

    Após exaustivos seminários e encontros, chegou-se finalmente a um consenso a respeito do padrão de comunicação de dados entre os computadores distantes. A primeira conexão foi então feita ligando-se a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) ao SRI (Stanford Research Institute, Califórnia), no dia 30 de agosto de 1969. Além desses dois sites, ou pontos da rede, conectaram-se a Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB) e a Universidade de Utah em Salt Lake City. A ARPANET acabara de nascer.  

    Inicialmente, a ARPANET possibilitava a seus usuários o acesso através de terminal remoto, a transferência de arquivos e o uso de impressoras e outros dispositivos remotos. A rede passou de 4 para 15 nós em 1971. Em 1972, já eram 37 nós. Porém, o acesso à rede era ainda restrito às instituições de pesquisa ligadas ao governo e à área militar, e seu custo anual era de cerca de US$ 250.000.  

    A partir de 1975, com o crescimento do tráfego de informação militar na rede, seu acesso tornou-se mais restritivo, fazendo com que uma série de outras redes fossem criadas, sejam por instituições de pesquisa, sejam por companhias privadas. As redes acabaram por criar uma comunidade, que trocava entre si informações através das mailing lists, embora não houvesse ainda uma possibilidade de comunicação entre as diversas redes. Assim, a ARPA estabeleceu, no início dos anos 80, o TCP/IP (Transfer Control Protocol/Internet Protocol), um protocolo de comunicação geral entre redes. Com a utilização do TCP/IP por diversas instituições de pesquisa, uma "rede de redes" estava se formando, permitindo que milhares de usuários compartilhassem suas informações: estava nascendo a INTERNET 

    Em 1990, os interesse militares da ARPANET foram transferidos a uma nova rede, denominada MILNET. A ARPANET foi então definitivamente extinta. Enquanto isso, a Internet crescia, abrindo espaço para usuários comerciais, fora da esfera acadêmica, que demandavam por serviços de utilização mais simples. Foram então criados o ARCHIE, que nada mais é do que um sistema de busca em arquivos remotos, e o GOPHER. O Gopher era um sistema de busca de informação avançado, que se utilizava de menus e diretórios (leia mais sobre o Gopher em OnLine Magazine).  
Imagem: W3 Org. 
Tim Berners-Lee, um físico do CERN (Centro de Estudos de Energia Nuclear), em Genebra, Suíça,  propôs uma extensão do Gopher utilizando o conceito de hipertexto: partes do texto estavam "marcadas", e uma vez selecionadas, levavam a maiores informações sobre o assunto em questão. Lee desenvolveu um programa denominado browser, que exibia informações no formato de uma interface gráfica, como em um computador pessoal. O novo sistema de busca de informação foi denominado por Lee de World Wide Web (WWW). Um poderoso browser foi desenvolvido no Centro Nacional de Aplicações em Supercomputação (NCSA): o Mosaic. Através do Mosaic, o usuário da Internet poderia  acessar informações sem se preocupar com conversão de arquivos ou formatos; além disso, poderia acessar outros serviços, tais como o Gopher, Telnet (acesso remoto via terminal), FTP (transferência de arquivos) ou mesmo enviar E-mail. Logo em seguida,  a Netscape Com. lança uma versão mais poderosa do Mosaic: o Netscape Navigator. A Internet torna-se agora acessível a qualquer usuário de um PC.  

    Hoje, 1997, a Internet tornou-se extremamente popular. Estima-se em cerca de 60 milhões o número de usuários da rede; dados mais otimistas falam em 100 milhões nos próximos anos. O número de sites amplia-se exponencialmente, e a presença privada na rede, particularmente no WWW, tem crescido significativamente. Aplicações avançadas, como o Internet Phone ou o CU-Seeme, que possibilitam a troca de informação audio-visual em tempo real, demandam maiores investimentos na infra-estrutura e na velocidade de transmissão de dados. Diante de tal explosão de popularidade e utilização, fica muito difícil um exercício de futurologia: o que será da Internet, daqui em diante? Seu uso se alargará, ou será mais restritivo, com a presença da censura? E o Terceiro Mundo, como garantirá o acesso de suas comunidades carentes à rede? Uma série de questões se colocam. Apenas podemos aguardar por seus desdobramentos. Mas, com certeza, existe um ponto pacífico: o fenômeno Internet é global, e irreversível.